Confederação ASSESPRO critica contradição da “Nuvem Soberana”: “Soberania digital se faz com protagonismo nacional”

Presidente Christian Tadeu questiona dependência de Big Techs na infraestrutura estatal e cobra decisões estratégicas que coloquem empresas brasileiras no centro da transformação digital.

A criação da chamada “Nuvem Soberana” pelo governo federal, sob gestão das estatais Serpro e Dataprev e com suporte tecnológico de empresas como AWS, Huawei, Google e Oracle, provocou fortes críticas de lideranças do setor de tecnologia da informação no PAÍS. Para o presidente da Confederação ASSESPRO, Christian Tadeu, a proposta “escancara uma contradição grave”.

“Como garantir soberania digital quando a estrutura ainda depende das grandes corporações globais?”, questiona Tadeu.

Embora o projeto seja apresentado como um avanço institucional, o dirigente vê na iniciativa um risco à autonomia digital brasileira, já que a espinha dorsal da nuvem governamental continua sendo operada com base em soluções estrangeiras.

“Soberania digital não se consolida com discursos, mas com ações concretas de fomento à indústria nacional”, afirma.

                                                      

Protagonismo brasileiro: de discurso à prática

Para o presidente da ASSESPRO, a soberania digital só será autêntica quando o Brasil investir de forma sistemática em infraestrutura nacional, softwares desenvolvidos por empresas brasileiras, critérios abertos e transparentes de contratação, e pesquisa e desenvolvimento local. O centro dessa estratégia, segundo ele, deve ser o ecossistema empreendedor nacional, que já demonstrou capacidade técnica e inovação.

“O que falta é decisão política e estratégica de colocar essas empresas no centro da transformação digital. Toda vez que terceirizamos a espinha dorsal digital do Estado para corporações globais, perdemos recursos, inteligência, autonomia e futuro”, ressalta.

A quem pertencem os dados do Brasil?

Outro ponto levantado por Tadeu é o controle dos dados públicos. Ele alerta para o risco de a soberania digital se tornar apenas um rótulo, enquanto os dados da população brasileira permanecem sob a custódia de estruturas que não respondem plenamente à legislação nacional.

“Até quando vamos aceitar que os dados do povo brasileiro fiquem nas mãos de quem não tem compromisso com nossos interesses estratégicos?”, questiona.

Uma agenda nacional pela soberania tecnológica

A Confederação ASSESPRO, que representa empresas de tecnologia da informação e comunicação de todos os estados, propõe uma agenda baseada na valorização da indústria nacional. Para Tadeu, romper com o ciclo de dependência tecnológica é urgente.

“Eu defendo uma verdadeira soberania digital. Uma que seja construída no BRASIL, com brasileiros, para os brasileiros. Só existe soberania com protagonismo nacional”, conclui.

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