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| No Brasil, quase 75% do total de postos de trabalho no setor de cuidados é ocupado por mulheres - Elza Fiuza/Agência Brasil | 
Com objetivo de identificar carências da atividade, Ipea realiza até junho a "Pesquisa Nacional sobre Trabalho Doméstico e de Cuidados"
Por Thays de Araújo | Agência Gov
      O cuidado é um direito e uma necessidade de todas as pessoas          ao longo da vida, sendo mais evidente na infância, na          adolescência, entre as pessoas idosas e com deficiência. O          cuidar está no dia a dia, em diversos ambientes e permeando a          existência de todos.
        Embora seja essencial a todas as sociedades, no Brasil, o          trabalho de cuidado segue sendo de responsabilidade quase          exclusiva das mulheres.
        Com isso – em meio à proximidade do Dia Nacional das          Trabalhadoras Domésticas, no próximo 27 de abril –, para          promover as mudanças necessárias para uma divisão mais          igualitária desse tipo de trabalho, com especial atenção às          desigualdades de gênero, raça, etnia e territoriais, o Governo          Federal está elaborando uma proposta de Política Nacional de          Cuidados e um Plano Nacional de Cuidados.
        Nesse sentido, estão em andamento neste semestre diferentes          ações envolvendo pelo menos seis órgãos públicos:
        - Ministério das Mulheres (MM)
        - Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família          e Combate à Fome (MDS)
        - Ministérios da Igualdade Racial (MIR)
        - Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
        - Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)
        - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
        Cultura de responsabilidade compartilhada
        Com expectativa de ser entregue em maio de 2024, a proposta é          elaborada pelo Ministério das Mulheres e MDS, e pretende          garantir o direito ao cuidado para todas as pessoas que          necessitam, reconhecendo e enfrentando as desigualdades          estruturais da sociedade brasileira. Além disso, busca promover          uma cultura de corresponsabilidade entre homens e mulheres na          família, comunidade, mercado e empresas.
        "A Política Nacional de Cuidados é dirigida a avançar na          garantia do direito ao cuidado, pensando ao mesmo tempo nas          pessoas que necessitam de cuidados e naquelas que cuidam, que          são principalmente as mulheres, é uma necessidade premente da          sociedade brasileira", definiu a secretária nacional de Cuidados          e Família do MDS, Laís Abramo
        De acordo com a secretária, o trabalho doméstico e de          cuidados não remunerados das mulheres é o dobro se comparado ao          dos homens, e pode estar sendo subestimado. Ela também menciona          que 30% das mulheres não procuram emprego devido a esta          responsabilidade, sendo esta carga mais pesada para mulheres          negras (32%) em comparação com as brancas (27%).
        Cuidado remunerado
        A proposta abrange ainda a promoção do trabalho decente a          todas as trabalhadoras e trabalhadores remunerados do cuidado,          já que também é uma função fortemente marcada pelas          desigualdades.
        Segundo o MDS, no Brasil, quase 75% do total de postos de          trabalho no setor de cuidados é ocupado por mulheres. Isso          equivale a aproximadamente 18 milhões de mulheres exercendo          funções de trabalhos domésticos, cuidadoras, professoras até o          ensino fundamental, profissionais da enfermagem, médicas,          fisioterapeutas, assistentes sociais, entre outras. Estas          ocupações são caracterizadas pela invisibilidade, desvalorização          e baixa regulamentação, o que expõe os trabalhadores a situações          precárias de trabalho.
        Diante deste cenário, o MTE lidera uma Campanha pelo Trabalho          Doméstico Decente – que é permanente – com o objetivo de          sensibilizar empregadores e a sociedade em geral para os          direitos dos trabalhadores domésticos. O foco é alertar sobre a          importância da fiscalização ordinária do trabalho doméstico e de          cuidados como medida de prevenção ao trabalho análogo ao de          escravizado no âmbito doméstico. A ação conta com a participação          do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
        Pesquisa do Ipea
        Para entender as demandas e as necessidades, além de traçar o          perfil de quem trabalha com estas atividades, o Instituto de          Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Ministério          da Igualdade Racial, lançou a "Pesquisa Nacional sobre Trabalho          Doméstico e de Cuidados". O formulário on-line pode ser acessado até o            dia 13 de junho.
        O questionário está dividido em quatro blocos:
        - Informações gerais
 - Características do trabalho
 - Frequência, deslocamento e custos e
 - Contratação de trabalho via aplicativos/plataformas digitais.
 
Por exemplo, quantas atuam como microemprendedoras          individuais (MEIs)? As chamadas cooperativas estão resolvendo          demandas do setor? Quantos atuam na informalidade e de modo          precário? Qual o grau de respeito aos direitos assegurados pela          formalidade? Qual o perfil dessas trabalhadoras e o perfil das          pessoas de quem cuidam – idosos, crianças, pessoas com          deficiência, enfermos?
        Essas informações são fundamentais para a elaboração de          políticas públicas visando à melhoria das condições de trabalho          das pessoas que exercem atividades de cuidado no Brasil, bem          como para aumentar a qualidade dos serviços oferecidos.
        O Ipea destaca que as informações e dados pessoais fornecidos          não serão divulgados e estão protegidos pela Lei Geral de          Proteção de Dados (LGPD), Lei nº 13.709/2018, ou seja, a          privacidade de quem participar do estudo será preservada. Para          mais informações, entre em contato através do e-mail:          pesquisa.cuidados@ipea.gov.br.
      
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