
Elevação do ICMS em Goiás pode afetar inflação, consumo e investimentos
A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) se        manifesta contrária a qualquer proposta de mudança da alíquota de        ICMS que represente aumento de carga tributária ao contribuinte        goiano. Em razão da proposta de Reforma Tributária em tramitação        no Congresso Nacional, há rumores de que o governo estadual        planeja alterar a alíquota básica (interna) do ICMS de 17% para        19%, no mínimo.
      A Fieg rechaça toda e qualquer iniciativa que ocasione elevação        de imposto ao setor produtivo, em especial com a justificativa de        que o Estado está perdendo arrecadação e, ainda, com uma        estratégia antecipada para evitar prejuízos à receita, quando da        implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) em        substituição ao ICMS.
      Há alegação de que o texto da Reforma Tributária, recentemente        aprovado pelo Senado, justifica a alta. A proposta estabelece a        receita média, no período de 2024 a 2028, como referência para        calcular as participações de cada Estado na arrecadação do futuro        IBS.
      Os impactos da elevação da alíquota do ICMS são diversos e        recaem sobre todos os contribuintes, empresas e cidadãos.
      Impacto sobre a inflação e consumo
      A majoração da alíquota impacta em aumento financeiro no        recolhimento do imposto. Tal incremento, em não sendo possível ser        arcado pelo contribuinte, será repassado aos preços finais dos        produtos. Por sua vez, o efeito é direto no consumo, com redução        da aquisição por parte dos consumidores, afetando também        diretamente a demanda por produtos e serviços ou mesmo a oferta        destes, desestimulando a produção.
      Com a elevação dos custos de produção, ou mesmo a redução da        produção, há o risco de aumento da inflação de custo ou de oferta,        que ocorre quando os preços sobem devido ao aumento dos custos dos        ofertantes. Isso gera um efeito cascata, com elevação dos preços        médios em uma economia. O dinheiro perde poder de compra e a renda        não acompanha a subida dos preços, prejudicando, sobretudo,        famílias de baixa renda.
      Migração de investimentos pode ocorrer
      Em um cenário de incertezas, tais ações põem a perder        planejamentos realizados pelas empresas. Com elevação dos custos        e, consequentemente, dos preços finais praticados, tem-se efetiva        perda de competitividade frente àqueles que não tiveram a produção        majorada, além de queda de receita frente à diminuição nas vendas        e da margem. Nesse cenário, as empresas que possuem maior        flexibilidade migram para outras localidades com condições mais        favoráveis. As que não conseguem transferir a operação optam por        fechar.
      No ano de 2010, a indústria de transformação representava 14,6%        do valor agregado (VA) estadual. Em 2021, o mesmo setor        representou 22,3%, com queda de 1,3 p.p. na comparação com o ano        de 2020 (23,6%).  Segundo dados do PIB goiano, a participação        industrial não está consolidada após a pandemia da Covid 19. Há        setores que tiveram bom comportamento, mas não foi uma tendência        geral. Carece o segmento industrial de apoio para consolidar sua        recuperação de forma geral, interna e externamente.
      Em um cenário de tributação no destino e com expectativa de        manutenção dos incentivos fiscais somente até 2032, a elevação da        carga tributária poderá adiantar decisões de redução de        investimentos em Goiás, com consequente estagnação da produção ou        mesmo sua retração. Como desdobramento, está a abertura do mercado        para entrada de produtos produzidos em outros Estados, com        enfraquecimento da economia local.
      Inúmeros são os impactos de uma elevação de imposto, seja de        forma direta ou indireta. Tal decisão afeta não só a produção, mas        também as famílias como um todo. É fundamental contar com uma        análise crítica e pontual pelos membros do Legislativo Estadual        quanto à necessidade versus efeitos colaterais que sucederão ao        aumento de imposto, principalmente considerando-se uma comunidade        que já se encontra com sua capacidade contributiva no limite.
      A participação de nossos deputados estaduais nessa discussão é        fundamental, pois os parlamentares representam os contribuintes e        cidadãos goianos e possuem o compromisso de zelar pela ordem        econômica e seu crescimento, e não o contrário.
    

